Adenor Gonçalves -Advogado,  Jornalista, Teólogo.

 Todos nós temos o direito de escolher o que vamos fazer com as lições que a vida nos oferece.  Mas, sem dúvida, se recusarmos o desafio de compreendê-las e assimilá-las, essas mesmas lições deixam de ser um ensinamento e não aprendemos a vê-las como lição.

“A vida é uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia…” dizia Willian Shakespeare na sua celebre peça MacBeth.  Realmente o autor inglês conseguiu descrever em seus textos os caminhos da vida. E o principal ensino que deixa é que ela é um aprendizado. Não somente com os eventos que nos expõe como vencedores e campeões, mas aqueles que a gente tenta esconder com medo da exposição de fracasso.  

Só não erra quem nunca fez ou nada tentou. O que se julga perfeito não está aberto para a mudança ou aprendizagem, porquanto a verdadeira sabedoria exige a humildade de aceitarmos o que não conhecemos. A casa mental daquele que se julga ‘infalível’ pode ser comparada a um espaço que já está completamente ocupado; nada nela pode ser acrescentado. Aliás, apenas quando retiramos o velho é que criamos um espaço para o necessário ou o novo.

A nossa condição humana não deve ser ignorada. Nela está inclusa histórias bem-sucedidas como fracasso de que não queremos lembrar.

O passado que muitas vezes gostaríamos de ser levado para baixo do tapete, acaba por ser para o indivíduo um capital de experiência, um conjunto de vivências, tensões e choques, que nos mostra a nossa condição humana. Há muita gente que gosta de se mostrar um personagem interpretando uma ficção. Isso acaba trazendo prejuízo ao nosso caminhar. Jesus em suas parábolas quando conversava com as pessoas sobre a Condição Humana de cada um expunha erros e acertos que esta natureza garante a cada uma.

Na parábola do Bom Samaritano ele evidencia o quanto o ser humano pode ser distante do problema do outro, simplesmente por tradição de ódio. Quando fala de um pai com dois filhos que se perdem, refere-se a fragilidade deste pai que se dá por vencido ao ver seu filho mais novo não aproveitar da educação que lhe foi dada e se aventura pela vida chegando ao profundo da condição humana. Mas também quando recebe seu filho de volta vê que o outro mais velho em nome de seu ressentimento, ignora a alegria do retorno. Dois filhos que teoricamente foram criados para ser o melhor, se mostram demasiadamente humanos em suas falhas. E um pai que ama e que provavelmente fez tudo para dar não apenas conforto e riqueza, mas, lições para vida, se sente frustrado por não ter conseguido fazer com que a semente do seu amor tenha germinado e superado a condição humana de seus filhos.   

Mas a condição humana não implica necessária e exclusivamente negativismo, antes também reflexão e tomada de consciência do papel do homem no mundo, no tempo e no espaço. A condição humana pode gerar um legado de experiências que no seu conjunto tem muito a ensinar. O que é finito pode se aperfeiçoar. Ser entendida como a luta entre a vida e a morte, entre o indivíduo e o grupo, a liberdade e o destino.

O grande apostolo aos gentios avaliando a sua condição humana, viu que apesar de ser um instrumento de Deus para anunciar as boas novas, era um ser finito, sujeito aos encontros e desencontros da vida. Até pensou em ser especial, mas, a sua condição humana o fez enxergar que era uma pessoas muito sábia, mas, também capaz de errar e sentir frustração e fraqueza. Conversando com Deus sobre suas decepções recebe esta resposta de Deus:

“ …A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. ”

E então cônscio de sua condição humana confessa:

“…De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9

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