Adenor Gonçalves- Advogado, Jornalista,Teólogo.

Neste final de semana a tradicional árvore de natal montada na Lagoa Rodrigues de Freitas, desde de 1996, está de volta dando início as comemorações de natal da Cidade: um marco que atrai o público para   Lagoa (RJ) durante todo o período que culmina no natal. 

A data da celebração do natal ninguém sabe se realmente foi dezembro. É uma data em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade, o Natal não tinha uma data certa. Era celebrado em várias datas diferentes, devido a só se saber que Jesus Cristo nasceu, contudo quando, ninguém sabia ao certo e até hoje não se sabe. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi convencionado como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno.

Saber exatamente quando Jesus nasceu talvez não seja tão relevante. O que dá importância as festividades natalinas é ter uma razão para falar de paz, numa sociedade tão traumatizada pela violência, insegurança, ansiedade e anos difíceis para atravessar. Isso não acontece só no Brasil, mas, em todo mundo cristão, mesmo nos países ricos. Lembrar que em algum dia Deus acionou todo um procedimento para que seu filho nascesse para que pudéssemos ter paz é muito importante. Mesmo que o natal seja envolto em fantasia, a presença de Jesus é uma realidade. Se não sabemos quando Jesus nasceu, esta data que foi convencionada pela cristandade como natalina, já produz humanidade. As pessoas ficam mais sensíveis e até mesmo as guerras costumam parar sua intensidade nesta época.

Do ludicidade a realidade.

Alguns ícones natalinos são bem lúdicos e fantasiosos. Houve um tempo em que os pais mostravam o Papai Noel como um personagem real. Em países frios, onde a neve cai dando uma paisagem romântica a época, contava-se que um velho de barbas brancas vinha voando num veículo para distribuir presentes para as crianças. Os pais para alimentar a fantasia das crianças diziam que na noite de natal o velho Noel deixava presentes na lareira para as crianças com bom comportamento. Nos países tropicais onde não tem neve e nem chaminé, muito menos lareira, o personagem que no imaginário popular sai na Lapônia a correr o mundo, deixa em sapatos colocados na soleira da janela.

Já a arvores da Natal tem muitas explicações. Mas a mais repetida vem da velha Europa. Dizem que por volta de 1530, na Alemanha, Martinho Lutero certa noite, enquanto caminhava pela floresta, ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. E o céu estava estrelado fazendo um contraste já que não tinha luz elétrica. Chegando em casa Lutero reproduziu sua visão no caminho a cena que o encantou. Com galhos de árvore, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta na época de Natal. Mas há muitas outras histórias explicativas para a Árvore de Natal. A utilização das árvores em rituais místicos antecede ao nascimento de Jesus. Existem aqueles que falam que ela surgiu em Talinn, atual Estônia em 1441, enquanto outros falam que ela surgiu em Riga atual Letônia em 1510. Há ainda quem fale que ela surgiu em Bremen atual Alemanha em algum momento do século XVI, confirmando a história dos protestantes. Os historiadores sabem apenas de uma coisa. Suas origens estão ligadas com tradições medievais relacionadas às culturas pagãs, que acabaram sendo adaptadas a cultura cristã. Como dizia Lavoisier, “na natureza nada se cria, tudo se copia”.

As árvores de Natal modernas foram inseridas no interior das residências ao longo do século XVI e eram decoradas com maçãs e nozes. Tornaram-se popular somente no século XIX por conta da rainha Vitória e do Príncipe Albert, do Reino Unido. Como a mãe da rainha Vitória era alemã e protestante, a tradição de decorar árvores de Natal passou a ser realizada também na Inglaterra. Isso fez com que o símbolo se popularizasse no Reino Unido e se espalhasse por outras partes do mundo.

Enquanto fantasia é uma manifestação cultural. Mas o natal semiologicamente também tem outros significados. Representação real de um ato de amor. Por causa de tanto lúdico e manipulação comercial, muitas vezes a realidade do natal fica escondida. Nem mesmo nos ambientes religiosos dá se tanta importância a realidade do natal. Muitas vezes se perde em meio as manifestações artísticas, seja nos suntuosos musicais ou na dramaticidade das peças baseada no acontecimento. Tudo isso não é errado desde que a realidade do natal, não seja esquecida. E qual é essa realidade? Que Jesus nasceu para uma só finalidade, promover paz na terra, trazer esperança e abrir caminho para salvação espiritual humana.

O Natal, uma razão para se falar de paz.

Talvez algumas pessoas fiquem tristes no natal. Lembram de fatos que trazem a memória saudades, angustias, situações nostálgicas. Há quem vê o Natal como um marco de expectativa que foi realizada ou não. Outras, remetem a alegria, a recordação de vitórias. Tudo vai depender do indivíduo. Um estudo psiquiátrico acusa que as pessoas deprimidas recorrem as compras exageradas para desviar seus pensamentos resgatados no natal.

A boa notícia do Natal

A boa notícia do natal, seja em que data for comemorada, é que Jesus nasceu. E ele é uma realidade para os cristãos. É um motivo para falar de paz, para estender a mão, para dizer palavras doces, mesmo que o ano tenha sido ácido.

Quando as luzes se acenderam na árvore de natal da Lagoa Rodrigues de Freitas em Rio de Janeiro, as pessoas se abraçaram. Esqueceram das mazelas, da insegurança das ruas e das projeções políticas e até mesmo das diferenças ideológicas. A árvore é apenas um símbolo, um elemento motivador para lembrar que apesar de tudo, ainda há esperança, pois, sendo cristão ou não é tempo de falar de paz.     

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